Adão e Eva, uma nova interpretação

 



Acho que Natal é um tempo de reflexão e de oração. Jesus não pediu para celebrarmos o aniversário dele, pediu para guardar a eucaristia, foi o único ritual que ele fez questão de introduzir em nossas vidas. Mas se vamos realizar esse ritual mundano para homenagear o Deus encarnado, que façamos de forma a nos aproximarmos mais dele. Natal também não deveria ser uma festa familiar, mas de congregação da família cristã. Podemos reunir a família de sangue em vários outros momentos. 


Deixe o papai Noel para as crianças. Não vamos perder o foco. Admito que é difícil para o homem, em um dia, parar tudo para fazer um reflexão profunda sobre sua espiritualidade ainda mais que, uma semana depois, ele planeja cair na farra pesada do reveillon,  é uma mudança de chave muito louca. Contudo se você estiver com os chacras ( centros de energia - físico, emocional, racional, espiritual)  mais ou menos alinhados, dá pra conciliar as duas coisas.


Na minha reflexão de Natal, eu pensei em algo que me intriga o tempo todo, o mito de Adão e Eva. Nunca compreendi porque a árvore do pecado dá o fruto do "conhecimento" e o que isso tem a ver com a "sexualidade".


Acho que a estória reúne o criacionismo e evolucionismo, por incrível que pareça. Tem a ver com a evolução humana (darwinianamente falando) que se aparta da natureza, se distingue dos outros animais. Isso acontece pela ruptura com o sistema do cio (sexo) e pelo desenvolvimento da racionalidade (conhecimento). A junção desses dois eventos formou o homem (a humanidade). O homem ficou em pé e sua sexualidade deixou de ser estimulada pelo olfato e passou a ser determinada pela visão; as mãos ficaram livres, o que fez desenvolver a racionalidade.


Mas por que isso é um pecado? A estória cabe também um viés metafórico (detesto essa palavra, eu e Kafka). Comer o fruto da racionalidade (conhecimento) nos desvinculou da natureza. Visto que o homem(abstrato) já era racional, tinha na própria espiritualidade a racionalidade integrada. O conhecimento significa a racionalidade fragmentadora, apartada. Aqui está a vertente criacionista, que eu chamaria de abstracionista.


A presença de Cristo torna mais clara a estória de Adão e Eva para mim. Ele mostra o que é a racionalidade espiritual, ao testificar que espiritualidade é amor. E amor é vida, é libertação. 


Por isso Nietzsche tem razão, mas só pode ser verdadeiramente entendido a luz desse Cristo, que creio ser bem maior do que aquele que aparece no Evangelho. O desejo de poder é a união dos três chacras - sexualidade, sentimento e razão. 


Quando o homem come do fruto da razão, perde seu alinhamento dos chacras. Por isso que essa história de ódio do bem é babaquice e burrice, não é cristão. Ah, mas cristo se irritou com o vendilhões do templo, mas não cancelou ninguém, abraçou os cobradores de impostos.


Darwinianamente falando, o homem tinha que comer do fruto da razão, tinha que desobedecer, tinha que pecar. Agora seu desafio é realinhar os chacras, suprassumir (absorver sem destruir) a razão, como diria Hegel. Esse up de racionalidade foi fundamental, mas ele desconecta a sexualidade da vida emocional - aqui começa também toda a confusão da moralidade. Mas voltando, reparem: o ato humano nos faz divinos, porque nos faz buscar a Deus por necessidade humana, porém preservando ainda o livre arbítrio, por isso, como dizia Sartre, será sempre uma questão de escolha.


 Por esse mesmo motivo também, o fim do mundo sempre esteve no horizonte humano. Na realidade, a autopreservação é o limite do livre arbítrio (ou deveria ser), para além, é o nosso abismo. Contudo desconfio dessa ecologia pregada por bilionários e histérica, a ecologia da Rede Globo. A verdadeira ecologia se dá pelo realinhamento dos chacras, no encontro com Cristo, o Deus que habitou entre nós.



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