Falta de criticidade e de propostas nas eleições em Alagoinhas

 




Essa campanha política em Alagoinhas está reduzida ao passado, ao carisma e à retórica generalista - quem vai mais sensibilizar o povo é o que voga, mostrando o quanto lhe angustia o sofrimento das pessoas, isso tem um nome, demagogia. Quem for bom em demagogia e tiver dinheiro para pagar cabos eleitorais e reunir o maior número de lideranças em troca de cargos comissionados futuros terá grande chance de vencer. Porque todos que estão aí, estão na política há mais de 20 anos e nenhuma solução real para nada foi apresentada ou encaminhada, só pragmatismo e feijão com arroz sem tempero.


Em 10 dias de campanha, não se houve falar em propostas, porque para ter proposta é preciso ter diagnóstico, e quem tem a capacidade dentre os candidatos de fazer diagnóstico e se fizerem vão se basear em que fontes? Os candidatos não têm diagnóstico porque as prefeituras e governos não fazem pesquisa nem planejamento e as que são feitas pelo setor acadêmico ficam engavetadas e os políticos não estão a fim de abrir essas gavetas. 


Existe também na pesquisa acadêmica muita descritividade (muito panfletarismo vazio e cego) e pouca análise. Os mestrados hoje são as graduações de ontem, as graduações são o segundo grau de ontem. Se for assim, melhor que tenhamos boas pós-graduações lato senso para melhorar o nível das graduações. Haveria mais mercado de trabalho para os mestres e condições destes fazerem o doutorado, onde realmente se está preparado para começar a dar respostas efetivas aos nossos problemas.


O nível de conhecimento teórico e técnico dos nossos políticos é baixíssimo, apresentam uma triste graduação e garanto que há mais de 20 anos não abrem um livro. Intelectuais de orelha e verborrágicos. A começar pelo ilustríssimo salvador da pátria e ex-presidiário, que vai acabar com a guerra Ucrânia X Rússia, tomando cachaça. Do outro lado, mais um incompetente, que se safou por ter um ministro da economia, este sim, genial e outro de infraestrutura bastante qualificado, pelo menos isso.


Nessa eleição em Alagoinhas, a incompetência agradece pelo baixo nível de criticidade apresentada. Todos estão no mesmo palanque do Lula e não vai haver críticas entre eles. Os que não estão nesse grupão, o pessoal dos Azi, estão neutros, seguindo a posição de ACM Neto. Aqui em Alagoinhas, nada de relevante será debatido, nem mesmo as questões mais pragmáticas.


 Além do diagnóstico é preciso para se formular propostas uma visão de mundo, de país e de cidade. Pensamos pouco nesses termos, que cidade queremos e o que estamos pedindo, há 20 anos, aos deputados, em termos de emendas parlamentares? asfalto. Esse tipo de postura deteriora a saúde, que está um caos em nível municipal e estadual, a educação, a cultura, o lazer e a segurança pública. Temos asfalto, todo o resto nos falta.


A drenagem tem recebido atenção, mas exatamente por conta do asfalto. Nosso esgotamento sanitário era para estar com 50% de cobertura em 2008, assim foi prometido. Mas ninguém vai falar desses temas estruturantes. Todos estão em um mesmo palanque esse ano, só ouviremos retóricas vazias. E os meios de comunicação? Parte da imprensa não tem fôlego para os grandes debates e os que poucos que têm não se sentirão estimulados a pregar no deserto, nem contrariar o sistema que os sustenta. 


Eu também não quero ser o herói que vai tentar e tentar salvar o mundo quixotescamente e ser martirizado, estou fazendo o máximo dentro do possível. Ninguém pode dizer que não estou tentando. Se os empresários da cidade tivessem uma visão um pouco mais extensa, valorizaria o jornalismo crítico, de maneira a desatrelar a imprensa do recurso público. Imprensa livre e crítica depende de um empresariado com capacidade intelectual de reconhecer sua importância. Esse é nosso paradigma, que muitos nem sequer têm a capacidade cognitiva de enxergá-lo.



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