Gazeta dos Municípios, a difícil arte de manter viva a chama do jornalismo e do jornal impresso
A marca de 500 edições publicadas com qualidade para fazer
frente a qualquer jornal do país com estruturas bem maiores e melhores é um
feito hercúleo e heroico. Em Alagoinhas temos uma grande imprensa da qual
Vanderley Soares é figura de destaque, com nomes como Caio Pimenta, Maurílio
Fontes, Rui Albuquerque, Nayla Alves, Jorge Ubiratan, Midian Bispo, Sophia
Midian, Luciano Reis e a galera de peso como Chico Reis e José Gomes e, deixando
o melhor por último, o maior, o nosso Deus encarnado, amigo de todas as horas, mestre
dos mestres, pessoa humana lindíssima, Belmiro Deusdete.
Nosso grande mérito é seguir os passos de Belmiro Deusdete
e Walter Campos, somos filhos do Alagoinhas Jornal. Fazemos o possível para
manter essa integridade, mesmo com os boletos batendo na porta. `Para quem não
sabia, jornalista também é gente. E não precisamos ser santos para fazer um bom
jornalismo, nem fazer com que nossas vidas pessoais passem pelo escrutínio
público.
Aqui vai uma queixa aos empresários, até aos novos empresários,
a relação que mantêm com o jornalismo crítico da cidade é questionável. Amigos
do poder por diversas razões, eles terminam colocando suas fichas em uma fala
que só critica o prefeito, quando trata de coisinhas como buraco na rua e poste
sem lâmpada.
A crítica de verdade, aquela que diz que “o rei está nu”,
esta não é acolhida. Inconscientemente blindam o prefeito, sempre se tem um
sobrinho, uma nora para indicar para um cargo comissionado, sempre tem um
favorzinho para fazer por aquele cliente preferencial e no mais, por status
mesmo. Dinheiro só não traz a sensação de poder, mas o fato de ser aceito no
clube dos poderosos.
Caetano Veloso já disse, “está provado que só é possível
filosofar em alemão...” Eu parodiando-o, digo: está provado que só é possível
fazer jornalismo crítico em Alagoinhas sendo funcionário público. Claro que
“jornalismo crítico” é uma redundância, veja como são complexos nossos
problemas. Se tivéssemos apoio para fazer um jornalismo ainda melhor, teríamos
uma política melhor e uma cidade melhor. Isso vale para a cultura de modo geral
também.
Por isso esses 500 exemplares representam muito, muito
sangue, suor e lágrimas. Significa a conquista de um empresariado reticente e
resistente ao jornalismo crítico, já me repetindo, graças ao talento de Vanderley Soares e graças
à sua participação em rádio, que lhe conferiu maior potência comunicacional.
O texto de Vanderley é impecável, já disse isso outras
vezes, sua memória é prodigiosa. E ele provou isso, mais uma vez, em seu
romance “Além do Farol”. Trabalhei ao seu lado e vi o monstro que ele é.
Deveria, claro, ser muito mais reconhecido e exaltado...
ele é a prova de como se trata o jornalismo nesta cidade, como algo menor. Mas
não o é... é algo brilhante, fantástico, que dá vitalidade à cidade, que faz com
que ela avance.
Agora com o antijornalismo feito pelas grandes empresas de
comunicação, esse jornalismo combativo deveria ser ainda mais elogiado e
amparado. Um dia olharão para esse grupo de jornalistas com J maiúsculo com
outros olhos, pena que será um olhar pelo retrovisor.
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