Top Gun Maverick inclusivo sem ser lacrativo, másculo sem ser machista

 



A guerra cultural entre  extrema esquerda e direita conservadora gerou dois grupos bem marcados, de um lado, os lacradores, de outro, os nerdolas. Top Gun Maverick contenta os nerdolas conservadores, traz de volta a testosterona como impulsionadora do roteiro, mas inclui negros e mulheres no protagonismo e um nerd. Eles estão lá, ocupando lugar de destaque. É verdade que o núcleo dramático envolve só os homens brancos, mas isso porque é um filme de continuação do Top Gun, que envolve a morte de um piloto, pela qual Maverick se culpa indevidamente. Talvez se não arrisca-se tanto pilotando seu caça... o amigo ainda estaria vivo, um "se" que o tortura.


O filme é antilacrativo porque quebrra com a fórmula mulheres, gays e negros virtuosos e protagonistas lutando contra homens héteros-brancos por natureza maus, violentos, machistas e tóxicos. Maverick é um filme de herói com músculos e testosterona, e ainda tem a forma fálica dos aviões. A fórmula é batida, mas ainda empolga.


A história do filme, aviões que precisam destruir uma usina de fabricação de armas nucleares por determinado país, tipo Iran. Na equipe de pilotos que devem ser treinados por Maverick está o filho do seu amigo morto em operação, o qual o culpa pela morte do pai. De 12 membros em treinamento, ele tem que escolher seis para a equipe de ataque às instalações nucleares.


De fato, a história gira em torno de personagens brancos, como foi dito. A mulher intervém nos diálogos bastante. Existe o macho tóxico, arrogante e pressunçoso, mas ele se redime no final. È um filme nerdola no sentido de usar todos os antídotos contra a lacração. Nem a mulher, nem os negros atuam como heróis. Há uma disputa de egos entre dois pilotos brancos, o orfão de pai e o rapaz arrogante, clássico.


Olhando para estes dois polos e sabendo a forma infantil que se dá a guerra cultural, poderia dizer que deveria-se ter concedido à mulher ou a um negro alguma participação heróica, faria o filme mais inclusivo ou devidamente inclusivo. O gay também não aparece nem o estrangeiro (asiático), este é mais um antídoto antilacração. 


Ponto para o filme, entre os seis escolhidos estão a mulher, o negro e o nerd. Maverick lança todas as bombas sobre o alvo, poderia colocar a mulher para lançar uma delas, mas como fazê-lo sem cair na fórmula lacrativa? A lacração, seus excssos, terminou prejudicando as personagens femininas.


No filme The Chosen, sobre a vida de Jesus Cristo, que comentei aqui, a narrativa é moderadamente lacrativa, não diminui o importância dos personagens masculinos, mesmo porque viraram todos santos da Igreja, não tinha muito como. The Chosen é mais inclusivo que Maverick, ambos procuraram ser honestos. Ainda é possível fazer bons filmes, sem rebaixar a maculinidade nem exaltar em excesso a feminilidade, incluir todos de forma natural dentro da lógica da história. 


Na série Como defender um assassino, existe a presença destacada de um casal gay, a protagonista é bissexual, mas tudo está bem encaixado, sem discursividade panfletária. É... pode-se ainda fazer bons filmes. Todos os filmes citados estão na Netflix, onde 90% do menu são lacrativos. Acho que esta tendência está em queda, já gerou muitos fracassos de bilheteria. Que tenhamos cada vez mais filmes inclusivos, só inclusivos.

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