Gustavo Carmo é o pré-candidato de Jerônimo Rodrigues, PT finalmente humilde

 

A semana iniciou-se com uma grande decisão, o pré-candidato oficial dos partidos que formam a base do governador Jerônimo Rodrigues é Gustavo Carmo, o secretário de Relações Institucionais na gestão do prefeito Joaquim Neto, acima de tudo seu padrinho político ao lado do senador Otto Alencar, todos do PSD. O `PT retira a pré-candidatura de Radiovaldo Costa e coloca ainda Luciano Sérgio como vice-prefeito na futura chapa eleitoral.

Em um momento em que o governo Lula 3 ainda não se acertou, em que Lula se absorve mais com questões de geopolítica do que com as de natureza interna administrativa e que por isso vem caindo em aceitação nas pesquisas, estratégias prudentes como a adotada em Alagoinhas são um marco histórico para o PT que resolve enfim atacar seu mais grave e central problema - a arrogância e a soberba que o caracterizam predonimantemente ou o caracterizaram até agora. Demorou, mas este dia chegou para felicidade de todos. O PT tem grandes perspectivas se voltar a ser o que foi antes de adentrar o poder.

O partido envelheceu e se desgastou, sem formar novas lideranças ou sem fortalecê-las. Dou meus votos de sucesso nesta nova empreitada, que não seja apenas um truque, uma maquiagem, uma narrativa. Que aproveitem o aoportunidade para purgar seus pecados e voltar verdadeiramente para a base.

Eu sempre torci por Gustavo Carmo, acho que ele é o melhor que surgiu nos últimos 30 anos. Tem competência, tem ética, desprovido de arrogância e sentimentos baixos. O mesmo pode-se dizer de Luciano Sérgio. A esquerda e a centroesquerda de Alagoinhas podem estar criando algo renovador para o segmento no país inteiro. Em várias outras cidades, o PT abrirá mão da cabeça de chapa, o que pode tirar o partido do impasse que criou para si mesmo, pode representar um retorno à ética e à democracia interna e uma visão política menos obcecada pelo poder e por isso menos tensa e mais humana - que deixe de ser uma máquina de moer gente.

Renovando-se, a esquerda ajuda a romper com a polarização. Os conservadores terão que reavaliar seu sectarismo religioso, deixando a religião na vida privada, não trazendo seus dogmas para toda a sociedade, permitndo que se faça o debate de gênero e do trato com as drogas. O bandido não é vítima da sociedade, mas a sociedade tem, em certa medida, dívidas com ele. Somos o desdobramento da escravidão e de sua extinção mal estruturada e desumana. Se bem que foram os conservadores que quebraram a espinha dorçal do projeto hegemônico de poder da esquerda no país, com a contribuição do PSDB e de Sérgio Moro.

Espero que esta demonstração de boa fé, este alo de boa política que se desprende do entorno da pré-candidatura de Gustavo Carmo possa nos tirar da polarização para vivermos tempos de paz e de concórdia. Que bom seria se Paulo Cezar perdesse o apego pelo cargo de prefeito e magnanimamente apoiasse uma candidatura de Fabrício Faro, Renato Almeida ou Luma Menezes.