Isabela Lima expõe na bibloteca Maria Feijó e surpreende



 

"Entro em um mundo novo, deixo meus pensamentos de lado, eu me perco e me encontro, deixo a caneta deslizar" assim se sente Isabela Lima, artista plástica que expõe seus trabalhos em nanquin e aquarela "De Desenho de Alma de Linhas de Sonho", no foyer da Biblioteca Maria Feijó. Corra para vê-la, a jovem artista de apenas 20 anos e com pouco mais de um ano de atividade que está causando. 


É como em um sonho onde tudo é possível, mas também onde nos deparamos com nossos temores. Isabela parece não ter medo ou tem muita coragem. Suas palavras mais usadas na entrevista, "novo" e "entusiasmada". Ficou entusiasmada só de percorrer as instalações da Biblioteca Maria Feijó e ver obras de artistas alí expostas. Decidiu: - vou fazer uma exposição aqui. Como em um sonho, ao saber que precisava falar com Edson Carneiro, diretor de Cultura, ele adentrou o recinto. Ela estava com seus trabalhos na bolsa. Edson, que já reúne novos talentos, também ficou encantado. Aí foi só conversa de artista para artista, mundo dos sonhos, mundo da lua, em pouco tempo a exposição estava marcada. 


Edson colocou bancos de praça de madeira à moda antiga e um carpete, simulando um gramado, era um jardim já que Isabela, nesta fase, está interessada nos elementos da natureza. Como ela adora o "novo" quer aprender outras técnicas, atualmente domina com maestria uma das mais difíceis, o pontilhismo, flores, peixes e conchas são retratados/construídos ponto a ponto. 


Ela não se interessa por retratos, mas gosta de cenas, diz que para isto precisa estudar mais, incluindo perpspectiva. Talvez ela já a domine, pois seus desenhos parecem sair da tela (do papel). Seu desenho é delicado, tematiza a natureza, mas retrata o drama humano. Dois peixes flertam, se olham com estranhamento, curiosidade e desejo, seria um caslal hétero ou homo? O desenho tem expressividade e movimento. Dá pra sentir o prazer dos corpos tocando a água. Mas que água?




As flores já mostram sua queda por pintura abstrata "é encantador se conectar com a pintura sem nenhuma figura ou forma", repito, ela tem muita coragem ou seu subconsciente não é formado por nenhum temor ou tem a mágica de transformá-los em cores e formas em movimento. Cada uma tem uma personalidade estética. Rumam para posições diferente, apresentam seus elementos de forma singular também. Comunicam-se com o espectador. Quando se olha uma obra de arte, ela também olha pra você, já disseram. Novamente Isabela mostra que domina a perspectiva, talvez não saiba ainda disto. As flores disputam uma corrida para se encontrar com quem as olha. É a corrida que Isabela terá sempre que fazer como artista. As flores são corajosas, como ela que decidiu fazer artes plásticas na Ufba, aprender com os melhores, mas certamente sem tirar o olho da internet de onde autoconstruiu sua formação inicial.




O coração é o desenho que Isabela mais gosta. Mas o retrata biologicamente, fugindo das convenções, do simbólico, de tudo que já foi dito sobre ele pelos poetas. Ela parece que se encanta pelo real lacaniano, pelo teatro da crueldade de Antonin Artaud. Contudo seu coração tem galhos e folhas como as plantas,  que querem os ares, que se alimentam da imensidão do céu, mas que precisam entrar no mundo terreno, onde mora o perigo. O coração que é tronco sabe disso, precisa criar raízes. Está enraizado em si mesmo? É uma mônoda? 




Eu gostei mais do peixe, ele é portentoso, imperioso, fálico. É esguio e esgueira-se. Se mostra em sua exuberância e desdenha do espectador, provoca o espectador, o joga no chão. Pede silêncio, quer que lhe atendam em seus desejos. Sabe o que quer, tem coragem, governa o mundo dos sonhos.







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