Madonna no Rio - libelo à liberdade sexual, um belo recado aos conservadores
Gostei do pouco que vi do show da Madonna no Rio de Janeiro. Ela pega todos os ingredientes que produziriam uma tola lacração e tranforma-os em arte. Ela enfatiza, martela e repisa a estética queer ou simplesmente gay , faz desta sexualidade tão reprimida sua matéria prima. Ela ainda conserva algo do modernismo fundamental, dar algum sentido aos movimentos e às performances. Em muitos momentos consegue seu intento, o restante é uma bricolagem pós-moderna que quer atingir o sensorial pura e simplesmente. Digamos que ela soube unir o melhor dos dois mundos.
As músicas novas são boas, mas perdem o brilho quando comparadas aos velhos hits, algo de fato para se colocar na moldura. Madonna com eles criou uma linguagem própria, a que nem ela conseguiu se manter fiel. Difícil reproduzir a substância daquelas canções dos anos 80.
A exacerbação da sexualidade foi transformada em sua marca definitiva, agora com o peso camaleônico de uma mulher trans, delicada e potente ao mesmo tempo. Para quem já se liberou de suas castrações, tudo pode parecer antigo e reprisado, mas diante do dogmatismo religioso ainda presente, se faz necessário esta abordagem. Madonna pode estar inaugurando um novo estilo de apreseentação de massa, onde os músicos não aparecem e o play back reina, o resto a mídia constrói. O show é mais performático e coletivo embora convirja sempe para estrela maior- ela.
A cantora apontou um caminho novo, quis fazer isto, um caminho inclusivo para a sexualidade gay, que ela seja integralmente incorporada à sociedade, mas para isto mentes precisam ser abertas ainda por mais que parcela desta sociedade já tenha avançado muito, mas existem os retardatários e os retardados. Este show foi uma aula de como quebrar barreiras com arte e sem panfletarismo. Bom ver Madona dando a linha, que as anitas e as netflixes aprendam.
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