A polarização política e a prototeoria dos 3 corpos

 Acordei hoje com uma surpreendente sensação de alegria, então notei que para ela se preservar, ela deveria se conectar à alegria universal existente. Passei a notar que a alegria é como o fogo logo quando foi dominado, ´precisava ser repassado para ser preservado, então na aldeia possivelmente tinha um braseiro vivo, que preservava o fogo para toda a comunidade. Os reis e os exércitos vieram dos defensores do braseiro, juntamente com os melhores caçadores e os protetores das reservas de sal mais adiante.

Estas três categorias tiveram o controle do corpo social da alegria. Alegria era sinônimo de vitória sobre as adversidades da natureza, mas ganhou autonomia, passando a ser a energia coletiva que mantém os laços sociais, por sua vez as leis e o Estado.  O corpo allegro coeltivo é a melhor tradução possível da energia libidinal e o falo é a estrutura e predisposições que a mantém, ou seja, o todo das possibilidades egóicas.

Daí pensei que existe no ser humano, no seu trajeto de individualização, três corpos: o egóico, o afetivo e o allegro. Este esboço irresponsável e sem fundamento que faço é o que chamo de protociência. Deveríamos fazer mais protociências para arejar a própria ciência, assim como existe o pensar do senso comun. Seria uma etapa intermediária entre o senso comum e a ciência.

Prosseguindo, o corpo egóico seria nossa referência do eu, estaria mais ligado às sensações físicas ou melhor, aos desdobramentos físicos de todas as energias humanas, como também vinculado às decisões e às vontades. Estaria sobre a influência maior dos chácras inferiores.

O corpo afetivo estaria ligado ao amor, uma forma sublimada da autopreservação, uma autopreservação ainda individual mais integrada socialmente.

O corpo allegro é o corpo social por natureza, diz respeito à linguagem, à criatividade e  ao êxtase do compartilhamento dos afetos, quando todas, ou boa parte, das necessidades básicas estão preenchidas. O corpo alegro que cada indíviduo possui, como disse no início,  precisa ser partilhado para sobreviver. Ele que embeleza os feios e sua ausência enfeia os belos. Tem autonomia sobre os demais corpos e os induz a agir, mas quando age de forma tirânica leva à desarmonia com o corpo egóico e afetivo. O dinheiro é o símbolo do corpo allegro social. As drogas, uma forma artificial de mantê-lo.

A polarização em que vivemos hoje pode ser explicada por esta prototeoria dos corpos. Os dois grupos em contenda, os progressistas e os conservadores, dividem o corpo allegro social, o corpo sem órgãos do Deleuze. Eles subsistem porque estão no corpo allegro social e almejam a sua totalidade. Os indivíduos de ambos os lados seguem seus preceitos para manter seus corpos allegros individuais - o homem é um ser social. Ambos, no entanto, agridem o corpo afeitvo, dos princípios, e o corpo egóico da sobrevivência.

 As pessoas que não se situam em nenhum dos polos é porque sentem já seus corpos egóicos e afetivos agredidos, são os ansiosos, os deprimidos e os suicidas. O corpo alegro social totalitário é a própria sociedade líquida de Bauman, a sociedade de consumo em grau máximo, que consome estilos de vida e coloniza o inconsciente.

A solução é o anarquismo, onde os três corpos estão alinhados, onde todos estão inseridos no corpo allegro social.

P.S: Este é um esboço de uma teoria, uma prototeoria, uma protociência. E o que seria o subconsciente nesta prototeoria? é o movimento real entre os três corpos. E o gozo? O gozo seria o feche entre os corpos allegros.