Hoje é o dia municipal do jornalismo, mas existe jornalismo em Alagoinhas?




Por Paulo Dias


 Não existe jornalismo em Alagoinhas, existem alguns como eu que tentam fazer jornalismo. Walter Campos, a quem a data homenageia, fez jornalismo, Belmiro Deusdete fez muito e ainda faz jornalismo.Erickson Carvalho idem. Por que a distinção? Porque eles não precisaram e não precisa, no caso de Belmiro, do jornalismo para sobreviverem/sobreviver. Rui Albuquerque também é um nome a ser destacado, especialmente, por sua trajetória nos anos 80 e 90, mas este também, como empresário da educação, não necessitava do jornalismo para prover a si e  a sua família. Outro caso, que confirma a regra, foram as atuações de Juscélio Carmo no rádio.


Jornalismo só existe com uma fonte de financiamento, os empresários, e com uma cultura específica, um modo de pensar da sociedade que se interesse pela verdade dos fatos, pela fiscalização da atividade pública e pela valorização das análises e interpretações destes mesmos fatos. Enfim uma sociedade com senso crítico e que tenha estima pelo senso crítico, que entenda isto como um fundamento para vida em comunidade e para o seu desenvolvimento.


Alagoinhas não tem jornalismo porque o nível de criticidade dos programas e sites noticiosos, incluindo o meu, é baixo. Em alguns, é baixíssimo, são os arregados e os que mais ganham dinheiro - fingem fazer jornalismo e adoram ser chamados de imprensa local. Na realidade, fazem um misto de publicidade/assessoria de comunicação para algum poderoso, tipo a Globo. Em Alagoinhas, mais escondem a verdade do que mentem, o que é ainda mais danoso.


Por seu lado, a sociedade tem perdido seu amor pela criticidade e tem absorvido o pragmatismo da esquerda, tem se deixado contaminar por ele a ponto da máxima reinante ser: "manda quem pode, obedece quem tem juízo". Os que tentam heroicamente fazer jornalismo como Caio Pimenta, Chico Reis, José Gomes, Luciano Reis, Rainer de Freitas, Vanderley Soares, Claudio Pinto, Jorge Ubiratan, Ícaro Pereira, Rógenes, André Luis, Reinaldo Silva  e eu, nós temos que nos desdobrar em eufemismos, em dourar a pílula, usar o recurso de elogiar mais e criticar menos. Criticar pontualmente, não ir ao cerne da questão, tangenciar, comer pelas beiradas etc 


Mais importante que criticar é fazer uma análise crítica, fazer uma interpretação, levando-se em conta o contexto, as determinações, os jogos de interesse e as causalidades históricas. Isto é que é o mais importante. Não defendo reserva de mercado, mas acho que para se exercer o jornalismo neste nível hoje, necessita de se ter algum curso de nível superior. Quanto menor a formação intelectual, mais o "jornalista" tenderá a ser arregado.


Para fazermos um jornalismo de verdade, precisamos de um empresariado que compreenda a importância da atividade e de uma sociedade que cultive a cultura crítica - me repetindo. Faltam estes dois elementos em Alagoinhas, o que nos torna dependentes das verbas da Prefeitura. Trabalhamos com uma espada sobre nossas cabeças. Espero que com Gustavo Carmo e com Álvaro Muller, secretário de Comunicação, as velhas práticas de amordaçamento sejam deixadas no passado.


Mas o ideal é que conseguíssemos viver da verba publicitária das empresas locais. Contudo, o empresário, com sua visão provincianamente estretita, não quer invesitir em um veículo que critique o prefeito, afinal, ele é seu cumpadre, colega do mesmo country club. O poder econômico e o político estão de mãos dadas. Todo empresário quer ser amiguinho do poder, assim conseguem um cargo pro filho, pra afilhada, para a amante. Conseguem um favor ou outro para um cliente VIP ou um contrato de fornecimento. Desta forma, também, eles se protegem e não deixam que elementos indesejados entrem na divisão do bolo. Precisamos de um empresariado com consciência social.


 Para fianlizar, só um recado, não precisamos ser santos para exercer o jornalismo, basta termos ética no exercício da profissão, pois somos pecadores como todo mundo, quanto ao resto. Enfim, precisamos evoluir enquanto sociedade - pedante e datado isto - para começarmos a fazer jornalismo plenamente. Dê o primeiro passo, faça a sua parte ou viva reclamando e não se desespere quando tudo piorar ainda mais. Leia mais o IMPORTANTE VER, assista ao Primeira Mão, ao Papo de Hora, ao Intera, a Vanderley Soares, ao Bandfm, ao Pé do Burro... já é um começo.

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