Liderança da Defesa da Mulher fala sobre violência de gênero na Câmara de Vereadores
Na sessão ordinária desta quinta-feira (06), a presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher, Renata Fortaleza, utilizou da Tribuna Popular para abordar um tema de grande relevância: a defesa dos direitos das mulheres e o combate à violência de gênero. O pronunciamento ocorreu na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, uma data que, segundo a presidente, deve ser vista não apenas como um momento de celebração, mas principalmente de reflexão e luta.
Em seu discurso, Renata Fortaleza destacou dados alarmantes sobre a violência contra a mulher, enfatizando que uma em cada três mulheres no mundo já sofreu algum tipo de violência ao longo da vida, conforme o levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, a situação mostra-se igualmente preocupante: em 2023, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada seis horas. Na Bahia, os índices também são alarmantes, colocando o estado entre os primeiros no ranking de agressões e feminicídios, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
No contexto local, Renata chamou a atenção para os desafios enfrentados pelas mulheres de Alagoinhas, ressaltando que muitas ainda encontram dificuldades no acesso à proteção e justiça. O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher, segundo ela, desempenha um papel essencial na promoção de ações de conscientização, acolhimento e articulação com os órgãos responsáveis pela garantia de direitos.
O pronunciamento de Renata Fortaleza repercutiu entre as vereadoras presentes na sessão. A vereadora Juci Cardoso (PT) destacou a importância do debate, relembrando casos recentes de violência contra mulheres, como feminicídios e estupros que chocaram o país. “Nós estamos acostumados a causar estranheza nos espaços. Vitória tinha apenas 17 anos. Ela foi esfaqueada no tórax e teve seu cabelo raspado, seu corpo encontrado em uma mata. Outra jovem foi estuprada no fundo de uma viatura. E isso não é achismo. É o que a criminologia conseguiu comprovar”, ressaltou Juci, enfatizando que a sociedade muitas vezes se cala diante dessas atrocidades.
A vereadora também alertou sobre a conivência social com as violências simbólicas, citando a normalização de letras de músicas e comportamentos machistas que perpetuam a cultura da violência. “Os mesmos homens que cantam certas músicas são aqueles que se acham no direito de estuprar, de matar, de esfaquear. Poderia ser a filha, irmã ou mesmo a mãe de vocês”, completou.
Já a vereadora Luma Menezes (PDT) parabenizou Renata pelo discurso e pela construção coletiva da atividade alusiva ao 8 de março. “Essa atividade faz parte das demais ações que acontecerão neste mês de março. Teremos também a nossa sessão regimental para abordar essa temática, construída por muitas mãos. A participação da rede, do conselho, das instituições, da Câmara e da Prefeitura é fundamental para conseguirmos avançar nesses desafios”, afirmou Luma, ressaltando a importância da unidade entre mulheres para superar as dificuldades.
A vereadora Jaldice Nunes (União Brasil) reforçou que a discussão sobre a violência contra a mulher deve ser constante. “É inadmissível que, em uma data como o 8 de março, a gente receba cartões e flores quando, na verdade, esse dia é marcado por violência e agressão. Nós somos maioria da população e do eleitorado, mas seguimos sendo poucas nos espaços de poder e decisão”, afirmou.
Convite
Dirigindo-se à sociedade alagoinhense, a presidente do conselho convidou a população a participar, neste sábado (08), de uma ação especial que será realizada no estacionamento da prefeitura, das 8h às 12h. O evento, promovido em parceria com diversas entidades e organizações, oferecerá serviços, informação e apoio às mulheres de Alagoinhas. “Será um momento de união, aprendizado, fortalecimento e luta por uma sociedade mais justa e igualitária”, reforçou.
Renata Fortaleza também pontuou a necessidade de que a luta pelos direitos das mulheres seja uma pauta constante, e não restrita ao calendário comemorativo. “Esse tema não é mimimi, não é apenas para publicidade. É uma questão urgente. O feminicídio não é uma realidade distante, acontece na nossa cidade, no nosso estado e é uma questão global. Festejar é bom, comemorar é bom, mas somente quando a mulher tem direito à vida, quando pode entrar e sair com direito à igualdade”, concluiu.
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