Planejamento Participativo: texto crítico de Ednaldo Sacramento é um marco para o jornalismo local



O jornalismo local, parte venal, parte honesta e resistente, deve ter o texto de Ednaldo Sacramento sobre a participação popular do governo de Gustavo Carmo, mas de influência petista, como um modelo de criticidade a ser seguido. Jornalismo verdadeiro tem que ser crítico, quem não tem coragem ou independência para criticar não faz jornalismo, finge fazer, enquanto serve como instrumento de todos os males, da corrupção à incompetência. A culpa do nosso subdesenvolvimento é dos políticos, mas também dos falsos jornalistas. O artigo foi publicado no Pereira News (link no final desta matéria).


O Orçamento Participativo foi um engodo no governo petista e continua sendo agora no Planejamento Participativo. Uma das razões é um quórum não representativo, a outra é a limitação de se eleger apenas uma prioridade, quando em cada bairro existem 10, 20 prioridades. Ednaldo disse bem, com a realização da participação popular, o governo recebe um aval para não cuidar da demanda total: "fizemos o que foi pedido", isto é enganação pura. Ainda existe o porém de que o pouco de pessoas reunidas é composto por petistas, submetidas à manipulação de lideranças petistas, dizendo qual prioridade deve ser escolhida, isto é próprio de qualquer assembleia de esquerda.


 As conferências também têm uma grande armadilha. As demandas são sempre abstratas. Exemplo: O estado deve reunir esforços para reduzir a evasão escolar. Aí o espertalhão do Lula cria o Pé de Meia, outra forma de compra de votos antecipada e por aí vai. Em todas estas consultas populares, a população opina sem base em um diagnóstico, no caso às cegas, com fundamento em um total empirismo. O Timing também deve ser considerado. Naquela data específica da reunião, nenhuma boa ideia pode surgir. Se meses depois alguma ocorrer, não poderá mais ser inserida no planejamento. Platão deve estar se revirando no túmulo.


A população tem o direito de eleger uma obra, quatro no final do mandato, com muita sorte. Mesmo de forma limitada, só se decide sobre o âmbito do bairro. As decisões gerais macroestruturantes são realizadas, como sempre, às portas fechadas do gabinete do prefeito. Escolhas macro como por exemplo a construção de um centro administrtativo, a destinação do prédio do Hospital Dantas Bião, quando o hospital regional estiver em funcionamento, o programa de resíduos sólidos, o desenvolvimento da agricultura, o destino do sistema universitário, as formas de contratação de médicos, a permanência ou a extinção de redas, as decisões sobre a frota de veículos, a implantação de parques ecológicos, a dotação de escolas em tempo integral, o tempo limite para a realização de consultas, a climatização de escolas ou investimentos em laboratórios de tecnologia? asfalto ou escola técnica municipal de qualidade?, como desenvolver a cultura, como repartir o orçamento entre as áreas de atendimento etc. Várias decisões nesse nível, as mais importantes de fato, são tomadas à revelia da população.


O OP e o Planejamento Participativo só servem para consolidar e ampliar a base eleitoral do PT e da esquerda. E, como Ednaldo deixou claro, torna-se um álibe para o gestor fazer o mínimo e ainda culpar o povo. Ainda tem um aspecto a ser observado, com as novas tecnologias, se pode fazer consultas populares de forma rápida e barata. Uma simples enquete, uma pesquisa de opinião podem ser bem mais eficazes se forem feitas com competência e boa fé. No mais, é só fortalecer os laços com as associação de moradores e com os sindicatos (mesmo sendo focos de corrupção, com raras exceções). Por fim incentivar a pesquisa acadêmica. Criar um setor de estatística e planejamento. 


Vejam o texto de Ednaldo Sacramento para o Pereira News:


OPP: “Participação” de faz de conta - Por Ednaldo Sacramento

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