UPA de Santa Terezinha: mais um capítulo na via crucis de um idoso-doente no SUS
Já sou um idoso e com significativos problemas de saúde. O atendimento do SUS é ruim e se torna pior para o idoso-doente. Praticamente não existe prioridade para o Idoso, na prática., e pior ainda para o idoso-doente.
Antes de tudo, é bom que se diga que a UPA é nova, esteticamente agradável, climatizada e confortável. O que vou relatar diz mais da estrutura do atendiento, que compormentalmente é cordial e prestativo. Fico preocupado desde já com a estrutura física, se tem espaço para ampliação. Mas vamos lá:
Meu problema de saúde mais grave, que todos que me conhecem sabem qual é, não vou fazer propaganda de minhas mazelas; este só foi diagnósticado após um ano e meio de andanças, naquele famigerado período de caos da gestãao Joaquim Neto. No fim ele saiu com uma atuação regular em saúde pelas reformas físicas e pela ampliação da cobertura do sistema de atenção básica e pelo mérito político de ter trazido o Hospital Materno-Infantil. Seu primeiro mandanto em saúde foi caótico - coisa para não se esquecer, para que não se repita,
Pois bem, estava com uma forte dor na bacia e na coluna, resolvi ir para a UPA de Santa Terezinha. O problema lá é que existem a pulseira azul de pouca urgéncia, a verde de um nível maior de urgência e as amarelas e vermelhas para urgência mesmo. Só que essas urgências graves têm geralmente acesso pela entrada de veículos. Na entrada dos que chegam andando à unidade, lógico, prevalecem as pulseiras azul e verde.
Com a pulseira azul pode-se esperar por até 240 minutos ( 4h) para ser atendido, depois de passar pela triagem e para a verde estima-se 120 minutos (2h). Peguei a pulseira verde e esperei 3 horas. Com meia hora da consulta e mais a espera de quase 1 hora para tomar a injeção, levei pouco mais de 4h na unidade. Logo dá pra ver que a classificação das pulseira está incorreta e já embute um engano, você passa 1 hora para chegar na triagem e receber a classificação,
Lógico que é uma grande vantagem em comparação ao Bião, no caso gastaria o dobro do tempo para o mesmo atendimento (de 6 a 8h). Outro engano das pulseirinhas, no quadro explicativo, dizem: pulseira azul e verde são casos que podem ser atendidos em uma UBS (posto médico comum). Isto não é verdade, pois fui ao posto e só consegui consulta para o dia 22 desse mês de agosto. E eu não posso usar anti-inflamatório oral por conta de uma gastrite, então não podia esperar. O mais interessante é que a UPA não emcaminha você para o ortopedista e não me encaminhou para fazer raio X, que é feito por lá.
Calma que a situação ainda piora. Chegando em casa, fiquei em dúvida de como usar a medicação prescrita. Resolvi voltar para apenas tirar esta dúvida. Mais quatro viagens de ônibus com a coluna ainda muito dolorida - a injeção que tomei no dia anterior já tinha quase que passado o efeito. Tive que entrar novamente na fila, só que agora peguei a pulseira azul. Depois de mais de 3h esperando, fui me queixar à atendente e contei toda história que havia narrado para ela mesma, assim que cheguei na unidade. Ela pediu para falar com a assistente social, não estava na sala. Aí, a atendente teve a brilhante ideia de que eu esperasse sair um paciente da sala do médico e falasse diretamente com ele. Brilhante ideia, em 10 minutos tirei minha dúvda.
Passei mais de 3 horas penando com minha coluna doendo e ardendo, quando tudo só dependia de 10 minutos, e olhe que contei minha história para a atendente quando cheguei e na triagem depois. Fica claro que não há empatia com o idoso doente. A prefeitura está fazendo várias capacitações de servidores, mas elas deveriam começar pela saúde. O próprio prefeito Gustavo Carmo já falou isto em rádio e já viralizou video seu reclamando in loco de um caso de mau atendimento de paciente em UBS.
O que se pode deduzir dessa minha inglória façanha:
1) Na práica quase que não existe prioridade para idosos doentes.
2) A grande demanda da UPA decorre justamente de que os pacientes de pulseira azul e verde não encontram atendimento rápido e efetivo nas UBS.
3) O que está prescrito no quadro classificatório das pulseiras quanto a tempo de espera não se cumpre na prática de modo geral.
4) Para ser atendido com a urgência necessária teria que entrar pela portaria dos carros, mas se agir assim o sistema entra em colapso ou a atendente desta portaria me mandaria para a portaria de pedestre e ficaria tudo na mesma.
5) Este é mais um motivo porque o Orçamento Participativo é inefiiciente, não há como entrar nestes detalhes. Mas aí é caso para a ouvidoria - como confiar se não ouvem nem o prefeito? Será que ela funciona de fato.? Há uma caixa de sugestões no balcão da UPA, mas, nessas quase oito horas que estive na unidade, não vi ninguém usando-a.
6) As caixas de sugestões são uma boa ideia assim como a ouvidoria, mas, como profissional de comunicação, devo advertir que elas necessitam readquirir sua confiabilidade e melhorar a divulgação ao acesso e a motivação de seus respectivos usos. Falta trabalho intercalado com a Secretaria de Comunicação para, por meio de campanha publicitária, mobilizar a populaçãor para o uso destes intrumentos - criar a cultura de uso.
Obs: Por que não usei a caixa de sguestão? Porque fico com a mão travada quando estou em crise de coluna. E mesmo se estivesse com a mão boa, faço parte dos que não acreditam na eficácia de seu uso. Repito, é preciso campanhas publicitárias, pois é um bom mecanismo de interlocução ~ simples e barato, embora esbarre no problema do analfabetiismo funcional que temos.
A saúde fez consultoria pública pela internet, ainda bem que participei, aliás nunca me omiti em termos de participação cidadã - até ficar idoso e doente.. A consulta pública é uma das soluções para a ineficácia do OP, as outras são o fortalecimento das associações de moradores e o incentivo à imprensa livre- essencialmente crítica. Curiosamente a consulta popular da área de cultura foi presencial - para ficar só nas panelinhas? Este é assunto para outro texto.
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