Av. Murilo Cavalcante, o novo elefante branco
Por Paulo Dias
A duplicação da avenida Paulo Afonso, passando a ser denominada Murilo Cavalcante, foi tão celebrada que eu fiquei tímido para chamá-la pelo que realmente é, um elefante branco, como nosso famoso viaduto. Mais R$10mi jogados fora. Fico ainda me sentindo um pouco estranho por afirmar tal coisa, considerando não ser um técnico da área e por ninguém ter levantado esse questionamento. E chamo a atenção para algo mais grave, tudo que se faz em Alagoinhas é colocar asfalto, isso nada mais é que uma visão administrativa muito limitada.
Corro o risco de me passar por tolo, mas também, como sou um dos poucos em nosso jornalismo a ver defeito na administração de Joaquim Neto, pode ser que o silêncio quanto ao caráter esdrúxulo do empreendimento seja por conta dessa postura conivente e "pragmática" que domina parte significativa da imprensa local e da Câmara de Vereadores.
Não consigo entender o absurdo de se duplicar uma avenida para, em seguida, ela ser continuada por uma rua estreita, iniciada por uma curva. Se ali se tornar um eixo de expansão da cidade como se quer ou se imagina, essa redução abrupta vai se tornar um inferno, o resultado certamente será um engarrafamento monstro.
Nós temos muitas outras prioridades na cidade para serem objeto de investimento do Governo do Estado, a começar por um hospital, que não se restrinja ao serviço de emergência e possa realizar as mais diversas cirurgias e com ampliação dos leitos de UTI.
Poderíamos construir um centro administrativo moderno, informatizado, com um bom auditório para reuniões, garagem para abrigar adequadamente a frota de veículos do município, salas de recepção e de reunião em cada secretaria, refeitório... Assim economizaríamos milhões em aluguéis de imóveis.
Poderíamos criar uma escola técnica, voltada para a informática e a robótica, como também ampliar e criar novos cursos na Uneb, destinados à área industrial. Ou poderíamos resolver a falta de reservação de água do nosso sistema de abastecimento, reduzindo seu custo operacional ou revisar nossa depreciada rede de drenagem.
Outras demandas: quadras esportivas nos bairros, melhoria da biblioteca municipal, qualidade de vida dos idosos, abrigos, creches, escola em tempo integral, fortalecimento da cultura, habitação, reforma da Igreja Inacabada e da antiga estação de trens, terminal coletivo etc.
Interessante que, ao mesmo tempo fecham a boca quanto à inutilidade dessa duplicação sem sentido, como também fazem mistério sobre o autor do pedido da obra ao Governo do Estado. Isso é prova de que, em tudo o que eu disse, há um pouco de razão.
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