Gays/Lésbicas +, mulheres e pretos
Por Paulo Dias
Drt/Ba 1903
É muito delicado mexer com as questões raciais-étnicas e de gênero. Não pelo risco de ser cancelado, muito pelo contrário, por falar algo que exacerbe os ânimos ainda mais ou contribua para aumentar o preconceito.
Sou preto, antigamente chamado de moreno, e existe racismo estrutural, sim, conservadores (insensíveis, burros?). Por isso sei que o machismo e a homofobia são estruturais também. Em Alagoinhas, até os anos oitenta, não houve qualquer casamento entre pretos e brancos na classe média e raríssimos na própria classe operária, onde sempre foram mais comuns, no geral.
Havia um verdadeiro apartheid em Alagoinhas, cinema de pobres e pretos, cinemas de classe média e brancos, clubes, restaurantes etc. Nos restaurantes ( na saúde, educação, lojas, locomoção urbana), hoje, o preço dita o apartheid social e por isso racial, ao menos em estados como a Bahia.
Colocando a questão em termos de minorias - mulheres, pretos e homossexuais - qual é mesmo o problema? As pautas estão corretas, a narrativa está correta, os argumentos, tudo ok e a maioria da população concorda sobre tudo isso.
O problema está na forma, na histeria e no radicalismo. Compreendo que para quem está sendo oprimido violentamente e para quem toma consciência plena da questão, o assunto de fato é urgente. Mas a pergunta é: será que a histeria faz bem para a sociedade como um todo e para as próprias minorias, até que ponto ela é fomentada externamente e com outros interesses, de poder especialmente?
Nos anos oitenta, a coisa andou muito bem organicamente, entendendo que tudo era um processo sem atalhos. Avançamos milênios em 10 anos em termos sexuais/comportamentais e de democracia racial - interessante é que a Globo é que lutava contra essas pautas.
Outra questão: a esquerda e os movimentos dos excluídos querem que essa agenda seja tratada como pautas prioritárias, rebaixando a questão social, a questão da miséria e da pobreza bem como a questão da saúde, da educação, da segurança, acima até da economia. Confunde-se urgência com prioridade.
Claro que, no discurso, eles vão negar essa intenção, mas é o que de fato praticam e ocorre. Isso também ajuda a esconder o retumbante fracasso da esquerda nessas áreas essenciais, logo a esquerda, pois é...
Agora o pior erro: essas minorias estão sendo usadas, aqui no Brasil, especialmente, como inocentes úteis, massa de manobra, escudos humanos, bucha de canhão pela esquerda corrupta...
Internacionalmente - Europa/EUA - estão servindo para conter o avanço conservador, porque a centro-esquerda está flertando com a nova política global ditada pela China e pelos megacapitalistas (teoria da conspiração? vai vendo...)
POR ISSO O MOVIMENTO SE TORNOU HISTÉRICO. Não é por acaso, tem método e pode ser explicado pela sociologia, pela ciência política (contanto que o intelectual não seja de esquerda, claro). Os intelectuais se tornaram meros panfleteiros e negociantes do saber.
Uma última coisa para explicar, por que gays,lésbica e demais, mulheres e pretos estão apoiando uma esquerda corrupta no Brasil? Primeiro porque esse é um mero movimento classe média - massificado e potencializado pela mídia - onde tem muita gente lutando por cargos comissionados, os cargos na presidência, governos e prefeituras.
Eles também trabalham em regime de "panelinha", até na iniciativa privada. Mulheres gestoras (empoderadas) vão contratar gays e pretos; gays vão contratar mulheres e pretos e por aí vai. É legítimo, é a luta por espaço, argumentam internamente, mas que pode levar ao machismo reverso, ao racismo reverso e à heterofobia. Ainda comprometem brutalmente a questão do mérito, porque também vão sempre contratar um amigo militante.
Os pretos, especialmente os pretos héteros e até as mulheres pretas, sobretudo as pobres, já estão se queixando. A panelinha das mulheres/gays está excluindo os pretos. O próprio Seu Jorge, no documentário "Cidade de Deus - 10 anos depois"(na Netflix), reclama claramente disso. Os gays classe média já estão excluindo os gays pobres - fenômeno que ocorreu nos EUA com relação aos pretos.
Não se esqueçam, esse atual movimento das minorias é um estratégia da classe média, sobretudo a universitária, e só vai beneficiar a ela mesma. O pobre tá entrando de gaiato - o gay pobre, o preto pobre, a mulher pobre não terão vez, é a esquerda de iphone, fiquem atentos.
E existe ainda o nietzschianismo à brasileira, se não houver moralidade universal, não haverá moralidade sexual, é mais uma garantia de empoderamento. Não havendo moralidade pública (havendo corrupção), esse é um grande passo para não haver moralidade universal, defendida pelos conservadores, cuja religião de fato reprime a sexualidade.
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