Dinheirismo e hipocrisia na Copa do Qatar

 




O Qatar foi de fato um dos piores locais para se abrigar o torneio mundial de futebol, fez-se isso por dinhiero ao velho estilo Fifa. Seu presidente, Gianni Infantino, concedeu uma coletiva no sábado (19) na véspera da estreia da Copa do Mundo para defender o Qatar e a organização local. Chamou os críticos de hipócritas, mas ele mesmo proferiu um monte de hipocrisia em seu pronunciamento, querendo dizer que ninguém tinha moral para criticar sus postura dinheirista e se posicionou como simpático a luta dos gays e das mulheres por direitos iguais.


 Antes mesmo de abrir para perguntas, o dirigente fez um longo discurso que ultrapassou os 45 minutos onde fez críticas especialmente aos europeus que têm feito o que ele chamou de "ataques hipócritas". Fez isso esquecendo-se que os esporte tem uma ética superior a das empresas. 


Colocá-lo em um pais misógino e homofóbico, onde os trabalhadores atuam em condições desumanas, vergonhoso, contudo para o presidente a Fifa pode se fazer isso porque todo mundo faz? De certa forma, ele mostrou sua hipocrisia e deixou à mostra toda a hipocrisia da sociedade europeia. E deixou claro que os movimentos que defendem essas causas não tiveram a coragem de pedir o boicote dos torcedores ao evento nem os famosos militantes ousaram colocar a cara pra fora. 


Em termos de espetáculo, ele superou a própria Copa. Todos estão muito preocupados com o meio-ambiente hoje em dia, porém existem mil outras questões para se atentar e se manifestar contrário e globalmente, especialmente a fome e a miséria e os regimes ditatoriais, além da questão gay e das mulheres, é claro.


Nos últimos anos, a imprensa mundial tem apontado para a falta de condições ideias dos trabalhadores locais e imigrantes que estão no Qatar para a construção de estádios e para outras obras para o Mundial. Ao final, ainda disse que "os que estão muito incomodados não precisam assistir ao Mundial", além de dinehirista e hipócrita é arrogante, incrível.


"Os europeus têm que se desculpar por terem feito o que fazem pelo mundo nos próximos 3 mil anos. Quantas companhias europeias e do mundo ocidental estão fazendo bilhões com trabalho por aqui e quantos deles estão se preocupando com direitos para os imigrantes? Eu tenho a resposta: nenhuma. Por que mudar isso diminui o lucro. Não preciso defender o Qatar, eles se defendem sozinhos. Mas quanta gente está aqui pelo combustível e quem se preocupa com as condições de trabalho? 


"Não significa que não pode falar do que não deu certo. Mas essa lição de moral é hipócrita. Progressos tem sido feitos no Qatar, o salário mínimo foi introduzido, há mecanismos de proteção ao trabalhador, proteção contra o calor. Muita gente não sabe ou finge não saber disso". Antes de fazer as críticas, Infantino tentou traçar uma comparação com as condições que ele enfrentou na infância ao ser italiano que morou na Suíça e disse que consegue se sentir na pele dos imigrantes que estão no Qatar e enfrentam preconceito e vivem em condições longe das ideais. 


"Eu me sinto qatari, árabe, africano, gay, com deficiência e eu sinto tudo isso", afirmou como se isso não fosse o cúmulo da contradição. 


Baseado em texto de

Danilo Lavieri e Rodrigo Mattos

Do UOL, em Doha (Qatar)

19/11/2022

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