Marx era anarquista, o socialismo é um erro



 


A propriedade privada negou a essência humana que só se manifesta e efetiva na relação do homem com os objetos em um contexto de trabalho, ou seja produção e fruição coletiva se ensejndo em um único tempo. Essa é a lição que tirei das primeiras páginas lidas do livro Karl Marx, uma biografia, de José Paulo Netto, um dos maiores pesquisadores brasileiros do autor. 


Ele garante que essa constatação de juventude é o fio condutor de todo processo de pesquisa do grande pensador, aquele que deu os fundamentos para o materialismo histórico e dialético e para a organização dos movimentos revolucionários que culminaram nos regimes socialistas - URSS, Cuba, China, Coreia do Norte.


Sempre pensei que Marx era um anarquista, mesmo os odiando. Ele sustentava a necessidade transitória de um estado como uma etapa para o comunismo. Eu passei a achar que a práxis política de Marx estava errada e agora lendo apenas cento e poucas páginas de um livro de 813 páginas, acho que ela está errada mesmo.


"A superação positiva da propriedade privada como necessidade histórica para a emancipação humana, tendo sua base em uma nova organização de produção social, envolve inteira emancipação  dos sentidos, da sensibilidade e da racionalidade dos indivíduos". (p. 131)


Marx diz, no seu período na França, que não adianta suprimir a propriedade privada sem se desvencilhar da perspectiva do objeto como posse. "Eu só posso comportar-me para a coisa humanamente quando a coisa se comportar para o homem humanamente"(p. 131)


Isso significa um retorno para um tempo anterior a propriedade privada. Ele só pode estar falando nas sociedades que não praticavam o comércio e não tinham moedas, todas elas com fortes traços anarquistas. Portanto, o trabalho que Marx sugere é o do desapego, distante da prática política e mais afeita aos costumes dos mosteiros budistas. Marx diz: o homem se humaniza na relação de trabalho com o objeto, contentando-se com sua humanização e com a sua contribuição para a humanização de outros e enxergando este processo como o máximo de sua vitalidade(prazer). Aí entram Freud e Lacan.


Por que o comunismo não deu certo até hoje? Porque não restabeleceu esse vínculo essencial com os objetos e com sua humanização, ainda se conserva o sentimento de posse alienado. Os militantes socialistas costumam dizer que só haverá um retorno à essência humana com a implantação do comunismo. Marx desmente isso e diz que a práxis é o campo de toda a tranformação. Se não praticarmos o despego e a solidariedade, mesmo que se implante o socialismo, ele se reproduzirá com base no homem alienado.


 Vivemos toda essa confusão porque faltou a Marx a coragem de se entender anarquista e o mais curioso, ele foi o verdadeiro anarquista. Só para lembrar, defendo o anarquismo cooperativista, aquele que acredita que virá com a evolução espiritual dos homens. Vamos ver se essa minha observação se sustenta até o final do livro, ainda faltam 700 págimas para confirmá-la ou negá-la. Lembrando mais uma coisa, o anarquismo cooperativista não se opõe ao capitalismo, convive com ele, sabendo ser o seu futuro.

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