A POLÍTICA DA CULTURA PRECISA SER IMPLANTADA EM ALAGOINHAS





Este belo texto do mestre Belmiro Deusdete traduz o pensamento de toda a classe artística da cidade, pelo que observei em mais de 40 anos de convivência estreita com ela. Há verdadeiro desprezo do poder público diante deste rico manancial simbólico, não encontrado em nenhum outro lugar, dentre os que conheço, com tamanha geração de artístas, dipostos a manifestar-se, como também nunca vi tanta abnegação à atividade a que cada qual se dedica. Esta é uma dívida histórica e doída, leia o texto de Belmiro Deusdete, se você for amante das artes, há de gostar e concordar com o que ele diz tão bem.

Apoio a projetos e eventos de pequena monta não ajuda na política cultural e esportiva de uma cidade de tradição e história. Alagoinhas é uma cidade de 171 anos com longa história para contar. Ao largo deste tempo, muita coisa aconteceu, também muita coisa deixou de acontecer, o que não impediu de freiar seu crescimento e sua vocação de liderança no litoral norte e agreste baiano.

Dentre os setores que não estão recebendo os cuidados e o investimento do poder público está a cultura.
Apesar de alguns agentes dedicados à causa, a verdade é que a cultura continua relegada a plano secundário, sem verba, sem projetos e sem programas que realcem esta
natural vocação do município.

Claro que o esporte é importante, porém os olhares oficiais só enxergam esporáticos eventos e prestam relativa ajuda, fornecendo troféus e medalhas na maioria dos casos.
O turismo só existe na nomenclatura da secretaria Secet, sem nenhuma ação que justifique a pequena e acanhada estrutura estabelecida.

A cidade tem bastante história para fundamentar a criação de uma estrutura turística, por mais modesta que seja. Já a cultura é um caso à parte. Tem tudo para ser implantada no seu esplendor.
A cidade é dotada de grandes talentos literários, artistas plásticos, produtores culturais e professores universitários, dentre outros, que trabalham esta importante atividade.

Além do farto potencial humano, entidades importantes coordenam e preservam esta vocação natural, a exemplo da Casa do Poeta de Alagoinhas, a Caspal, e da Academia de Letras e Artes de Alagoinhas, a Alada, lideradas por Luana Cardoso e João Lopes, respectivamente
O atual secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo, João Henrique Paolilo, deve voltar suas vistas para esta deficiência.

Dotar a Secet de nova concepção, baseada na nossa tradição cultural, na nossa história, observando que a cidade não dispõe sequer de um museu municipal, lacuna parcialmente preenchida pela Figam, fundação privada inspirada pela historiadora Iraci Gama, e pelo Memorial do Legislativo, criado pela Câmara Municipal em 20 de julho de 2023 na gestão do vereador Cleto da Banana.

A cidade precisa criar o seu museu, preservar a sua memória, falta que pode ser sanada com a transformação da Figam em órgão municipal, com a expansão do Memorial do Legislativo ou com as duas providências, o que seria o ideal.

Neste sentido, o secretário João Henrique Paolilo poderá se acercar das forças culturais e produtivas da cidade e liderar um movimento nesta direção, sensibilizando o prefeito Gustavo Carmo e reivindicando os recursos orçamentários para tal.

A propósito, a implantação de um roteiro turístico deverá gerar recursos para financiar as atividades e o crescimento que os setores de cultura e turismo deverão experimentar.
Enfim, a verdade é que já passou da hora da gente acordar e despertar o gigante adormecido que tem marcado a ausência do Poder Público nesta área vital.

Nenhuma comunidade consegue se manter viva sem a preservação e a divulgação da sua memória e da sua história..

Belmiro Deusdete
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