Renavan Sobrinho, um grande currículo para importantes desafios no Saneamento Básico
para o Pereira News
O melhor currículo entre o primeiro escalão do Governo de Gustavo Carmo cabe ao diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE, Renavan Andrade Sobrinho. Soteropolitano, com 54 anos, ingressou na Embasa em seu primeiro concurso há 27 anos. Engenheiro ambiental e sanitarista, foi seu superintendente interino por quatro anos seguidos. Licenciou-se para assumir, no segundo Governo Wagner, a Superintendência de Saneamento do Estado. Retornou à Embasa, onde atuou junto ao Ministério Público da Bahia como consultor.
Renavan é o atual presidente da Associação Baiana dos Profissionais de Saneamento e Meio Ambiente (ABSAM) e membro eleito como representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Embasa. Também é membro titular do Conselho da APA Litoral Norte e Plataforma Continental, e secretário executivo da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção Bahia, instituição que presidiu no período de 2011 a 2015. Logo que ingressou na Embasa, atuou no setor de operações em Senhor do Bonfim. Esteve em Alagoinhas há 20 anos para projetar a rede de esgotamento sanitário do Petrolar e agora retornou para dar o ritmo, o tom e traçar o esboço do saneamento ambiental em seu cargo máximo.
Ele quebra, pela primeira vez, com algumas exceções de Sônia Fontes e Glenda Barbosa, e de uma vez por todas, o mito do “estrangeiro” — aquele que vem à cidade em busca de emprego com a carta de um padrinho político. Renavan, além de tudo, é professor da UFBA na sua área de atuação, possui mestrado neste mesmo segmento e é doutorando em Gestão Pública pela mesma instituição. Em resumo, Alagoinhas é que precisa de Renavan, e não o contrário.
Em cada canto da cidade, ele é bem falado e já traz boas novidades. Em abril, estará sendo concluído o sistema de esgotamento sanitário, com estação de tratamento, estações elevatórias e uma rede de coleta com 40% das residências interligadas, atendendo a bairros como Jardim Petrolar, Santa Terezinha e Barreiro. Os 60% restantes dizem respeito ao centro da cidade e a bairros como Mangalô, Silva Jardim, 2 de Julho, Rua do Catu e Alagoinhas Velha. Ainda há muito a fazer, mas essa é uma conquista significativa. Renavan Sobrinho chegou há menos de três meses e já tem um diagnóstico básico dos pontos críticos a serem atacados para fazer a autarquia andar.
Quanto ao abastecimento de água, ele defende a redução do número de poços com a substituição por outros de maior profundidade, para diminuir o gasto com energia elétrica — um dos gargalos do sistema. Ele vê como um caminho descentralizar a captação de água, hoje concentrada no Sobocó e na Cavada. Também pretende reduzir o consumo de energia elétrica por meio da construção de novos reservatórios, o que depende da instalação desses em locais com cota adequada e disponíveis para desapropriação. Contudo, para reivindicar projetos nesse sentido ao Governo Federal, é preciso reduzir a perda de água, que gira em torno de 70% — um índice muito alto.
Alagoinhas consome mais água que Vitória da Conquista, segunda maior cidade do interior baiano, com 400 mil habitantes. Esse é um empecilho para captar recursos do Governo Federal. Também se faz necessário reduzir os gastos. Para isso, Renavan conta com uma equipe de funcionários de campo experientes — esse é seu maior ativo. “Reunindo essas expertises é que conseguiremos esses e outros objetivos.” O SAAE tem 148 trabalhadores efetivos e 135 terceirizados.
É prioridade também a cobertura da zona rural, onde uma extensão de rede de 4 km que serve a quinze casas poderia atender a 300 casas na zona urbana. O objetivo é aposentar os carros-pipa. A Estiva teve seu sistema já concluído, e a próxima localidade contemplada será Buracica.
No esgotamento sanitário, já está sendo projetada a ampliação do sistema, que vai estender sua cobertura, envolvendo os 60% que estão à margem dele. Com a captação ágil dos recursos, a universalização se concretizará no fim deste mandato. Será feito três vezes mais do que se realizou em 16 anos. Quando se ouve Renavan falar, com o respaldo de quase 30 anos em saneamento básico e atuando em cargos de chefia tão importantes, tudo isso torna-se crível. Além do mais, ele é taxativo: “Este é um investimento que não se faz com recursos de tarifa; é necessário recorrer ao Governo Federal”.
Com a conclusão desta nova etapa, mananciais como o Rio Catu e a Fonte dos Padres serão oxigenados, permitindo que a vida aquática retorne, mesmo que a balneabilidade não seja atingida de imediato. Interessante é que, quando se fala que X% da rede está instalada, isso deve ser encarado com otimismo, pois o maior custo do sistema são os tubos enterrados em valetas. Com a estação de tratamento de esgoto concluída, o que se terá pela frente são algumas estações elevatórias (de bombeamento), embora grande parte do esgoto seja conduzida por gravidade. Planejar também não é algo fácil, haja vista o serviço topográfico.
A confiança em Renavan Sobrinho aumenta quando ele não foge de assuntos espinhosos, como as dívidas do SAAE. Já está em andamento o parcelamento do débito de energia de R$ 22 milhões com a Coelba. Devido ao pouco tempo no cargo, ele não consegue cravar qual o motivo desse passivo, mas acredita que venha de uma combinação das perdas de água com a forma de cobrança da tarifa a partir de 2020, somada à pandemia de Covid-19. Pode haver excesso de tarifa social, assim como a existência de muitas ligações clandestinas. Para o novo diretor do SAAE, é preciso setorizar o sistema para localizar essas disfuncionalidades, cruzando dados entre o que é disponibilizado — a água — e o que é gerado em receita — a tarifação. Para isso, será necessário ainda implantar medidores de vazão inteligentes e de alta precisão.
Ele espera realizar um recadastramento de usuários no segundo semestre, com prazo de conclusão até setembro — uma diligência nunca vista antes. Também é transparente ao revelar que 25% das economias (que podem ser traduzidas como casas) não possuem hidrômetros. “Estamos trabalhando na base receita/despesa, ou seja, o que se arrecada é consumido pelos custos de produção. Os insumos subiram muito, especialmente o cloro e a energia”.
Militante de ONGs ambientalistas em Salvador, ele enxerga o saneamento básico de forma ecológica. Anima-se com a chegada do esgotamento sanitário ao centro da cidade, pois contribuirá para a eliminação da maior carga de poluentes que degrada o Rio Catu. Espera um trabalho muito difícil, que trará incômodo à população, com a abertura de valas no asfalto e em calçadas. Será interessante aproveitar para trocar a rede de drenagem de concreto por outra de material mais apropriado. Renavan conta com a compreensão da população, pois os transtornos são por um bem maior.
A atualização do Plano de Saneamento Ambiental também será realizada. Sobrinho lembra que Alagoinhas assumiu esse protagonismo nacional no início dos anos 2000 e agora precisa se adaptar a novas regras e diretrizes, retomando, inclusive, a educação ambiental.
Pela experiência de Salvador, o engenheiro sabe que precisará fazer uma ação educativa para evitar que a população conecte o esgoto à rede de drenagem, mesmo com a rede apropriada passando na porta. Renavan, mal chegou à cidade e já conhece um pouco do seu histórico. Tem especial preocupação com a Fonte dos Padres, sabe que ali nasceu a cidade. Promete que não fará do patrimônio ambiental uma macrogaleria de drenagem.
Com essa primeira etapa do esgotamento sanitário concluída, o índice de poluição no manancial será extremamente reduzido. Ali pode nascer um parque ecológico importante, afirma Renavan.
Ele o vê como um equipamento fundamental ao bem-estar, no coração da cidade, destinado ao lazer dos seus habitantes e como um cartão-postal para quem a visita.
Renavan adverte que a cidade terá 100% de cobertura, contando com os sistemas individualizados alternativos, que seriam as fossas, mas construídas sob critérios técnicos para evitar a poluição difusa dos mananciais.
O novo Plano de Saneamento Ambiental trará boas respostas sobre como e onde empregá-los, segundo ele.
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