Evolução na Central de Abastecimento de Alagoinhas
Por Geraldo Almeida Souza *
Não farei uma artigo dizendo que as mazelas da central foram eliminadas, porque grandes problemas ainda permanecem lá. Mas é inegável que duas ações da Prefeitura, nesta gestão, deram outra feição ao seu entorno, a exemplo da via de acesso pelo portão do fundo, que foi toda requalificada, com remoção de um setor degradado de venda de galinhas; e do melhoramento no calçamento e retomada da área original do estacionamento com a remoção das velhas barracas de frutas que, ao longo dos anos, invadiram e se expandiram no local. Outra ação muito importante foi a requalificação da avenida Lourival Batista com o reforço da cobertura do canal do rio e retirada das barracas rústicas que enfeiavam demais aquela artéria, permitindo a ampliação e organização do estacionamento de veículos, além de melhorar a fluidez do trânsito.
Na metade final da avenida, optou-se por construir um canteiro central com passeio no seu entorno e grama no centro, podendo servir para caminhadas por um número limitado de pessoas, visto que o passeio é estreito. Merece reparo o fato de que o acabamento do passeio não é de primeira e, como a prefeitura ainda não apresenta um serviço de manutenção permanente das áreas verdes de praças e jardins, a grama já se mostra carente de adubação e invadida pelo mato em alguns trechos. Seria mais pertinente revestir todo o canteiro com piso intertravado, dispensando o uso de grama, visto que a falta de manutenção da área verde dará ao local um aspecto de abandono e negligência.
Ao longo das cinco últimas gestões, as melhorias na central foram ocorrendo de forma paulatina com cada prefeito fazendo um pouco. Assim foram criados o mercado de carne, o galpão de confecções, o novo galpão de frutas e verduras com consequente melhoria na via de trânsito do local, e a requalificação da Lourival Batista.
O grande desafio que nenhum ex-prefeito encarou ainda refere-se a reforma do galpão principal e Gustavo Carmo não poderá concluir a sua gestão sem realizá-la, pois é uma questão emblemática para ele, visto que a central de abastecimento se constitui na maior herança das gestões do ex-prefeito Judélio Carmo, seu pai.
No período que fui secretário da agricultura ( 2017-2020 ) foi elaborado um projeto que previa uma ampla reforma da central, que incluía a renovação do galpão principal e sua ampliação vertical (um piso superior), orçado em torno de trinta e cinco milhões de reais. Infelizmente não houve empenho, na época, do gestor municipal para adquirir a verba, seja por empréstimo ou por emenda parlamentar, e o projeto não saiu do papel.
Embora sofra forte concorrência das redes de supermercados da cidade, nos ítens de frutas, verduras e hortaliças, uma expressiva parcela da população sente prazer em fazer a sua feira semanal na central de abastecimento e observo que as melhorias acima mencionadas, principalmente na maior disponibilidade de vagas para estacionamento, têm contribuido para aumentar a frequência dos consumidores.
Mas Alagoinhas, uma das dez principais cidades do estado, ainda tem vergonha de mostrar aos visitantes a sua feira livre, que está muito longe de ser um cartão postal. Espero que o atual prefeito a coloque entre as prioridades do seu mandato, entregando à população um centro de compras moderno, que possa servir bem não só no abastecimento alimentar como no artesanato, no lazer gastronômico, etc.
Logo quando assumi a secretaria da agricultura, numa entrevista a uma emissora de rádio, eu fui indagado como encontrei aquele equipamento público e qual era a idéia central para recuperá-lo. Na oportunidade eu disse que vi um caos tão grande, com o tráfico de drogas imperando, prostituição até de menores, telhado parecendo uma peneira em dias de chuvas intensas, sanitários quebrados com as pessoas fazendo suas necessidades no chão, ocupação desordenada do solo, setor de roupas parecendo uma favela, rede de drenagem entupida com alagamento da via interna principal etc. que na minha mente só uma nova central de abastecimento seria a solução definitiva, visto que no governo federal existem ministérios que disponibilizam verbas a fundo perdido como o MAPA, o do Turismo e o de Desenvolvimento Regional.
E por que uma nova central de abatecimento? Porque a atual está sufocada espacialmente, encravada no miolo do centro comercial da cidade, sem possibilidade de ser organizada no setor de estacionamento para veículos de carga e descarga, de ônibus e vans das linhas rurais e de veículos particulares que ficassem protegidos na área interna da central. Seria a possibilidade de se ter um equipamento moderno e setorizado conforme a natureza dos produtos e serviços ofertados, assim como seria uma referência de lazer e turismo da cidade.
Essa idéia morreu no nascedouro porque os tradicionais permissionários e empresários lá instalados logo se opuseram, assim como políticos que têm interesse comercial e de votos no atual mercado popular.
*Geraldo Almeida é engenheiro agrônomo, ex-vice prefeito de Alagoinhas e ex-secretário municipal de agricultura
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