São João de Alagoinhas foi sucesso total, mas cabe uma reflexão sobre a cultura de massa
O São João em Alagoinhas foi um tremendo sucesso. Gustavo Carmo dá os primeiros passos para ser o melhor prefeito deste novo século ou das primeiras décadas deste século. Tudo funcionou e a decoração do estádio ficou muito boa, algo que não deve a grandes eventos mundo afora,, só não teve tecnologias digitais, no caso, totalmente dispensáveis. Não houve impacto negativo para os pacientes do Dantas Bião, nem poluição sonora, sem congestionamento no entorno. Estacionamento também náo foi problema. Gustavo colocou o Carneirão na lista de espaços privilegiados para eventos.
A festa prova que o governo de Gustavo vai muito bem. Contornou os problemas deixados por Joaquim Neto na saúde e na educação. Tem se preocupado com a capacitação dos servidores, demanda antiga nunca contemplada até então. As intervenções em infraestrutura foram encaminhadas em visitas a tempo para Brasília. Hoje se veem equipes de limpeza pública nos bairros. A oferta de médicos nos postos de saúde tem aumentado, pelo menos em Alagoinhas Velha, isto ocorre e o tratamento dos funcionários ao público tem melhorado. A vinda de indústrias foi anunciada. Tudo vai bem, o único porém é estar atrelado ao imprevisível governo Lula.
Mas quanto à cultura, vale uma anãlise e um alerta. Será que não estamos optando por uma cultura de massa? A preferência por João Henrique na pasta pode ser sinal disto. O próprio Gustavo já foi empresário de sucesso com bloco de micareta e tem, na família, pessoa que ainda atua na área. Qual o problema da cultura de massa? Além dela ser pobre e superficial, transforma todos em meros consumidores. Se assim for, vai reforçar uma tendência dos famigerados editais de cultura - formadores por excelência de panelinhas. A cultura de massa empobrece e elitiza, por mais contraditório que seja ou que soe.
Os editais de cultura são quase um bolsa família para artistas, 99% focados em eventos - shows, mostras, exibições, feiras etc - em detrimento da formação de novos artistas. Isto diminue o número dos que produzem e aumenta a quantidade dos que consomem. Termina-se fazendo a arte dos que têm dom e recursos familiares e que, depois de prontos com o capital de berço, passam a ser fomentados pelo estado com seus panelísticos editais.
O Estado sorrateiramente vai se eximindo e se afastando da formação artística. As escolas em tempo integral seriam a solução para isto, mas é só ver como elas mal entraram, já estão sendo recanteadas no debate público. Seguirá o mesmo destino das creches, que já foram moda nos anos 80.90 e esquecidas neste novo século. Hoje as creches voltam preguiçosamente, pois são mais baratas que as escolas em tempo integral.
Um alerta para Gustavo, as boas festas não substituem a nota no Ideb, o ensino profissionalizante, a geração de emprego e renda. A qualidade da saúde aumentará com o novo hospital, mas é bom lembrar que ele será regional. Será bom para a capital que deixará de receber esta demanda, mas melhora de qualquer sorte a situação local. Mesmo assim a atenção primária deve ser qualificada, pois o melhor é não adoecer ou cuidar dos agravos precocemente.
Como vai gerar economia em saúde para os cofres públicos, resta aproveitar isto para avançar em educação e em cultura e esporte, que também são formas de educação. Bom ver a disparidade de quanto se gastou com cultura de massa no São João, enquanto a cultura genuína recebeu vagões de trem, de grande valor simbólico e histórico, mas que não dinamizam o setor . Ou ficaremos nessa pobre e elitista cultura de massa.
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