Comentários sobre o "Caso Daniel Alves" mostram o dissimulado machismo brasileiro
Pelo que se comenta nos maiores canais de esportes do youtube, o crime "supostamente"( ele ainda não foi sentenciado) cometido por Daniel Alves não foi resultado de uma interpretação equivocada sobre consentimento, a negação/recusa foi explícita e ainda o jogador forçou o ato sexual de forma agressiva, não apenas com coação psicológica. Saliento, conforme essas informações extra oficiais.
Não está claro ainda se foi sexo oral ou se houve penetração. Por se tratar de comentários, os comunicadores não entram em detalhes, deixam a se subentender, mas nesse caso já ouvi as duas versões. O esperma do acusado, dizem que foi encontrado na roupa da jovem e no chão. Há quem mencione a narrativa de que foi na roupa e em uma outra, afirma-se ter sido no chão.
Achei interessante a abordagem de Regis Tadeu, que geralmente comenta sobre música, mas também aborda assuntos relevantes. Ele chama a atenção para a vida de sexo promíscuo dos jogadores casados e menciona que sabe de casos estarrecedores.
Fico imaginando orgias que incluem habitualmente práticas como a que condenou Robinho na Itália. No caso, abuso sexual coletivo. Impressionante é o consentimento das mulheres desses jogadores, que só seria justo se tivessem em um casamento aberto, coisa que duvido, proibição de adultério só pra elas, monogamia, só pra elas.
Esse tipo: "machista em casa e progressista na rua" se vê muito e enganam muito as próprias feministas. Ou seja, são machistas com suas mulheres e feministas na rua. Muitas feministas vivem se relacionando intimamente com machistas desse tipo inadvertidamente e enganadas. Outro ponto a abordar, a lei da Espanha é muito boa e deve ser adotada em todo o mundo civilizado, "Só o SIM é SIM". Tem mais força do que o "NÃO É NÃO".
É desconfortável biologicamente para o homem interromper uma excitação, mas com uma lei tão explícita, ele fica obrigado a segurar a onda, sendo boa ou ruim as consequências. Por muitas vezes, a mulher diz "não" e o "parceiro" continua e ela emudece por uma mistura de raiva, indignação e por entrar em estado de choque. Os homens precisam adquirir a sensibilidade para reconhecer esses casos. Por isso a lei é boa, porque se deixasse ao critério da consciência, o cinismo venceria.
Por outro lado, também convém reprovar aquela brincadeirinha que mulheres imaturas fazem, por ego, de excitar o camarada para depois pular fora de propósito, só por vaidade ou por um falso empoderamento. Mesmo nesse contexto, não cabe ao homem avançar o sinal, que fique claro.
Só digo que essa atitude não deve "fazer parte do jogo da sedução", como se diz, não deve ser minimizada. Nesse caso, a mulher é que está desrespeitando a sensibilidade masculina e cultivando o machismo ao achar que "macho que é macho não deve ter sensibilidade".
O caso de Daniel Alves é exemplar em vários aspectos. Se o cara percebe que tem dificuldade de conter o tesão, evite ficar sozinho com uma mulher, deixe as coisas claras desde do início, diga qual a sua intenção. A mulher por cautela - porque a lei pune, mas não evita o crime - deve procurar também não ficar a sós principalmente com desconhecidos.
Quando só quer namoro sem sexo ou amizade. Se for para um lugar com mais privacidade, diga logo que suas intenções não envolvem relação sexual. Ser cuidadosa consigo mesmo só vai ajudar, garanto.
E se ele disser que quer ficar a sós para fazer sexo, melhor não ir, do que esperar que ele mude de ideia com o seu não. Deve-se levar em conta que, com todos os avanços, esse é um crime difícil de ser provado.
Voltando a Daniel Alves, ele certamente agiu dessa maneira porque é assim que são tratadas as mulheres em suas festinhas ( como em muitas Brasil afora), como objeto, como peças descartáveis, sem nenhuma humanidade, sem reconhecer nelas qualquer tipo de sentimento, sensibilidade e valores humanos. Fazem com elas o que odiariam que fizessem com suas irmãs.
Ouvi um adolescente falando que era comum em festivais em que rolam drogas tipo extase, quando a menina bodiava (apagava), os caras a levavam para um local meio escondido e faziam sexo coletivo (estupro), ele me contava como algo normal e engraçado, um jovem de 16 anos.
No Brasil, o número de estupros é alarmante. Encontrei dados de 2019 que são estarrecedores, uma agressão sexual a cada 10 minutos, são mais de 60 mil ao ano, um absurdo - encham um maracanã e se terá a exata percepção disso. O pior que isso não é destacado, nem comentado abertamente, muito pelo sentimento de vergonha das vítimas ( e dos familiares) e muito porque a sociedade as culpa antecipadamente, independente dos fatos.
Quantas mulheres se submeteram ao sexo porque a cultura machista as negava o direito ao NÃO? É evidente que a lei brasileira está clara tanto quanto a espanhola, mas dizer: "SÓ O SIM É SIM", é muito mais enfático e a responsbilização dos clubes e afins, bem como a culpabilidade pela omissão têm efeitos bastante efetivos.
Venho criticando a postura dos conservadores quanto às mulheres, aos gays e a nós negros, ela é de fato negligente e estimuladora: quem cala consente sim. Eu sou antilulista, mas não sou contra as pautas identitárias, embora tenho grandes ressalvas com a cultura da lacração, são coisas diferentes.
O machismo não é bom para ninguém, principalmente para as mulheres. Para os homens, ele também é ruim, coloca em suas costas a manutenção do lar, até hoje. É algo cultural ainda bem forte. A mulher pode não trabalhar ou ter uma renda mínima e isso é tanto aceitável quanto natural. Se homem exercer a mesma postura, é totalmente execrado.
Segundo o site Patrícia Galvão (Violência contra a mulher em dados | Um estupro a cada 8 minutos é registrado no Brasil - Violência contra a mulher em dados (agenciapatriciagalvao.org.br), "o Brasil segue com números alarmantes de violência de gênero. Em 2019, foram registrados 66.123 boletins de ocorrência de estupro e estupro de vulnerável nas delegacias de polícia do país – uma média de um estupro a cada 8 minutos. Os dados do 14° Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelam que as mulheres continuam sendo as principais vítimas do crime, com 56.667 dos registros,(85,7%), o que equivale a um crime sexual a cada 10 minutos".
Nenhum comentário: