Semiárido ainda sofre com falta d'água e Alagoinhas se consolida como polo de bebidas, segundo A Tarde

 

O jornal A Tarde fez uma significativa homenagem no Dia Mundial da Água, 22 de março, hoje, quarta-feira. Realizou um apanhado geral do abastecimento de água para uso doméstico, industrial e agrícola, no Estado, enfatizando as dificuldades do semiárido e o fortalecimento do polo industrial de bebidas de Alagoinhas. 

Nota-se que foi um trabalho de gabinete, mostrando mais as ações do Governo do Estado, invizibilizando aqueles que padecem ainda por falta de água. Na pesquisa, não se tem a dimensão desta grande demanda. Mas vale a pena a leitura, aqui vai uma tentativa de síntese da matéria:

 No segmento industrial, o destaque foi o município de Alagoinhas, apontada como a melhor água do Brasil e a segunda melhor do mundo e por essas qualidades, considerada como potencal polo de bebidas como cervejas, sucos e refrigerantes. 

Enfocou o projeto do prefeito Joaquim Neto de transformá-la em capitaç nacional da cerveja, com a realização anualmente de um festival da cerveja semelhante ao Oktoberfest e com a instalação no município de aeroporto.

Alagoinhas já sedia grandes marcas cervejas como a Heinecker e a Itaipava e abriga a Indústria de Bebidas São Miguel, do refrigerante Goob; a Ardagh Metal Packing Brasil, que fabrica latas de alumínio; a PKG do Brasil, que produz rolhas metálicas e plásticas; e a CE Central de Embalagens, que desenvolve embalagens plásticas injetadas.  São responsáveis por 50% da arrecadação municipal, reunindo 5 mil trabalhadores. Tudo isso graças à baixíssima alcalinidade e ao ph perto  de neutro, quase sem acidez, do aquífero muito bem avaliado e apreciado tecnicamente.

Somente em cervejas, são produzidos na cidade, por ano,13,8milhões de hectolitros, ou 1,38 bilhão de litros das mais variadas marcas. A produção anual de refrigerantes (3,36 bilhões de litros) e água mineral (600milhões de litros), além de energéticos e sucos. Este volume fabricado vai abastecer o Norte/Nordeste e norte de Minas Gerais, pelas BRs 101 e 110, que passam pela cidade. 

Desde 2021, a empresa de refrigerantes, sucos e energéticos Dore negocia a instalação de uma fábrica no município, para tal já está devidamente acertada a cessão de uso de um terreno público.

O semiárido  - maior desafio do abastecimento

Enquanto Salvador e a região metropolitana alcançam 98% de cobertura do abastecimento público de água, o semiárido, que corresponde a 2/3 do território baiano, com um custo elevadíssimo de instalação percapta, se torna o grande desafio para universalização de usuários. 

Mesmo assim, estima-se que em 2027 se consiga alcançar os 99% de lares interligados à rede geral, que é o que o marco legal do setor estabelece para 2033 para todo o país. Este é um trabalho que além da Embasa, envolve a Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia - Cerb e a própria Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR.

A Bahia chegará na frente de muitos estados, pois está destinando para este ano R$ 1,2 bilhões para o Programa Água para Todos, criado em 2007. Antes eram alocados R$ 8 bilhões ao ano.

Priorizando as cidades menores com maior  dificuldade de perfuração de poços e da presença de outros mananciais de superfície e em suas zonas rurais, o Governo do Estado está com obras para serem entregues esse ano e outras que irão sair do papel, como o sistema Integrado de Zabumbão, que já se encontra com mais de 80% de conclusão e beneficiará 563 famílias nos municípios de Boquira, Caturama, Rio do Pires,Ibipitanga e Macaúbas, além de outras sete comunidades. Veja que os investimentos são elevados para a pequena quantidade de beneficiados, pois a população rural é muito exparsa.

Entre as obras a serem concluídas estão também a Barragem de Baraúnas e  sistemas integrados como os de Tucano, Paulo Afonso, Monte Santo, Rio de Contas e Brumado. 

O sistema de abastecimento leva água potável para as localidades de Vila Santa Inês IeII, Núcleo Habitacional I, Alto da Maravilha, Vila Beira Rio, Saco do Meio, Vila Mocinha e Lagoa Verde, no distrito de Maniçoba, a 40 quilômetros do centro de Juazeiro. Com essa inauguração, passamos a atender mais 7.342 mil pessoas, com investimento de mais de R$ 10 milhões.

Somente nos últimos oito anos, o programa Água para Todos, da Secretaria de DesenvolvimentoRural(SDR), entregou 36.551sistemas para mais de 45 mil famílias de agricultores. Um investimento de R$ 241,4 mil que inclui barragens como a de Ponto Novo.

Por meio do Projeto de Mecanização Rural (Promer), a SDR atende ainda a 2.735 famílias com limpeza de aguadas em municípios como Teixeira de Freitas, Vereda, Irará, Fátima, Pintadas, Correntina, Ibitiara, Rio do Antônio, Amargosa, Jiquiriçá e Anguera,

A Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) também está investindo mais de R$ 3 milhões na construção de barragens nos municípios de Andorinha, Caetanos, Caturama, Dom Basílio, Érico Cardoso, Licínio de Almeida, Pedro Alexandre e Santana, impactando diretamente na qualidadede vida de 1.920 famílias.

 A irrigação com técnicas modernas também está na mira do Governo do Estado, firmando parceirias com a iniciativa privada. Nesse sentido, o projeto desenvolvido em Barreiras será um protótipo para outras regiões. A produtividade aumentou bastante por lá. Um agricultor familiar colhia 20 sacas de milho, hoje chega a retirar 120, e existe a intenção de incluir a fruticultura na ação coletiva. Cerca de 218 mil hectares de terra são irrigados na região, algo em torno de 8% dos 2,9 milhões de hectares agricultáveis.

Para expandir ainda mais a produção, a grande expectativa dos agricultores do norte do Estado é a construção do canal do sertão, que deverá passar por 44  municípios, de Juazeiro a Capim Grosso, revitalizando rios e abastecendo barragens.

A boa notícia nesse sentido é que estudos de universidades nacionais e internacionais refutaram a tese de esgotamento do aquífero Urucuia, principal fonte de água subterrânea no oeste da Bahia. As pesquisas não apontaram ‘stress’ no aquífero.